Veja abaixo algumas dicas Importantes:

- Caixas D'água:

Do fibrocimento aos plásticos e aço inox, existem diferentes opções de reservatórios de água. As principais características de cada material são:

FIBROCIMENTO OU CIMENTO-AMIANTO - a união da fibra do amianto com o cimento forma uma rede resistente e compacta que se molda em diversas formas: retangular, redonda ou cilíndrica. Entre as vantagens apontadas pelos fabricantes estão o baixo custo, durabilidade e isolamento de luminosidade, além de permitir a instalação dentro e fora da casa. As capacidades variam de 250 a 1.000 litros.

PLÁSTICO TIPO POLIETILENO - mais leve que o fibrocimento, é atóxico e resistente a impactos. Porém, sua durabilidade diminui quando exposto às intempéries. Alguns modelos recebem um aditivo para torná-los mais resistentes aos raios solares. Suporta água em temperaturas de até 50ºC. As capacidades são de 310, 500 e 1.000 litros.

PLÁSTICO TIPO POLIPROPILENO - atóxico e leve, o polipropileno é um plástico mais delicado que o polietileno. Para ser usado como reservatório, deve ser do tipo alto impacto, ou seja, receber um aditivo para torná-lo mais resistente. Pode ser utilizado para água quente, desde que seja instalado em lugar fechado. As capacidades são de 350, 475 e 1.000 litros.

SMC - uma mistura de plástico e fibra de vidro, este material é semelhante aos utilizados em piscinas e reservatórios de grande capacidade. Reúne as vantagens da resina plástica com a alta resistência da fibra de vidro. Não é poroso, facilitando a limpeza, uma vez que não absorve sujeiras. As capacidades são de 250, 500 e 1.000 litros.

AÇO INOXIDÁVEL - o material não libera substâncias corrosivas, tem alta durabilidade e suas paredes lisas não acumulam sujeira, o que o torna muito eficiente para este uso. O material utilizado normalmente é o aço inox 304, capaz de suportar altos índices de poluição. Uma desvantagem é o preço, o mais caro do mercado. As capacidades são de 500, 1.000, 1.700, 3.000 e 5.000 litros.

- Coberturas:

A cobertura é uma das partes mais importantes de uma construção, e seu custo normalmente varia entre 8 a 12% do total da obra. Para definir o tipo de cobertura, deve-se considerar não só o estilo desejado mas também todos os aspectos climáticos da região onde a edificação será erguida. Na época do Brasil colonial, por exemplo, áreas de muita chuva beneficiavam-se com o telhado em estilo colonial, em que os beirais formam um ângulo obtuso com a estrutura principal, proporcionando maior velocidade à água e conduzindo-a para longe das paredes laterais, o que evita a corrosão.

O tipo normando, acabado com telhas de ardósia ou barro, com grande inclinação e várias águas - muito usado em regiões com clima frio, como o sul do país ou Campos do Jordão (SP) - também tem sua origem no clima. Na arquitetura medieval normanda, o objetivo desse telhado era impedir que a neve ficasse sobre as telhas. Em cidades como São Joaquim (SC), esse modelo pode até desempenhar tal função, mas em outros locais do Brasil ele está muito mais ligado à estética. Quando elaborado com telhas de ardósia, é recomendável usar uma subcobertura, geralmente feita com chapas de alumínio, para evitar infiltrações.

Devido à grande inclinação, o telhado em estilo normando exige ainda um cuidado especial: a amarração das telhas, que devem ser presas com um fio de cobre, evitando deslizamentos. Em áreas de muito vento, as peças também devem receber um tipo de amarração especial, feito com fio de arame galvanizado reforçando o tradicional encaixe nas ripas. Qualquer que seja o material usado na amarração, revisões e manutenção periódicas são obrigatórias.

No caso de beirais aparentes em locais de intensa circulação de ar, é recomendável fazer um forro para que o vento não entre por baixo das peças, levantando-as, mesmo que elas disponham de uma ligação especial.

Nas edificações situadas em regiões quentes, o beiral é uma boa alternativa para inibir a ação direta e constante do sol sobre qualquer parede externa, devendo ser observada legislação de zoneamento vigente. Em São Paulo, por exemplo, a lei considera beirais com mais de 60cm como áreas construídas. Além disso, deve-se estar atento também à possibilidade de cada tipo de telha: conforme o tamanho da peça, pode-se proteger beirais de até 2m. Em alguns casos, há ainda possibíliade de ser construída uma varanda, quando o telhado, além de proteger as paredes, cria um ambiente externo.

A ventilação é outro ponto importante em áreas quentes. Em geral, as telhas que exigem maior inclinação determinam a formação de um grande colchão de ar entre elas e o forro, o que por si só garante o conforto térmico. As telhas de fibrocimento, muitas vezes, vêm acompanhadas de polietileno, instaladas nos vãos entre a cumeeira e as águas, permitindo a saída do ar. Para manter o isolamento térmico, uma boa solução é a colocação de lã de vidro e de rocha, com 1 polegada de espessura, entre a cobertura e o forro.

Um fator que também deve ser levado em consideração é a localização do terreno em relação aos centros comerciais. A substituição ou reposição de um produto grande e pesado pode ser bastante difícil, além de onerosa.

No caso de lajes aparentes, é fundamental a execução da impermeabilização, que pode ser executada, por exemplo, com uma capa de argamassa com 1% de inclinação, além de um eficiente sistema de captação de águas pluviais.
O telhado mais tradicional nas residências brasileiras apresenta telhas de barro e estrutura de madeira. É importante adotar a madeira seca, um pouco mais cara, porém evita-se empenamento. A verde precisa ficar secando por 6 meses em local coberto, antes de ser utilizada. Deve-se também mantê-la protegida contra cupins e fungos, com um banho de imunizante. Há ainda a opção por estruturas metálicas, que oferecem a vantagem da resistência à ação de cupins e ao apodrecimento. No entanto, seus preços são elevados e seu peso é maior. A madeira continua liderando as preferências em estruturas residenciais, imperando a peroba-rosa e o ipê, consideradas como acabamentos de qualidade e, por isso, mais caras, e o angico-preto e o jatobá, madeiras mais baratas, duras e com boa resistência ao apodrecimento e ataque de insetos.

Se as medidas básicas para a obtenção de um bom madeiramento forem observadas, o telhado, desde que esteja livre de infiltrações, nunca apresentará problemas.
Dependendo da telha, a estrutura terá uma determinada inclinação, garantindo o escoamento das águas pluviais. A cobertura plana é a mais adotada no país, mais ainda existem a cilíndrica e a cônica.

Como deve ser calculado o caimento:
Para cada metro linear de base do telhado, a inclinação sobe um percentual que pode ser convertido em centímetros. Assim, 50% equivalem a 50 centímetros de rampa por metro.
As telhas podem ser de barro, madeira, metal, ardósia, fibrocimento ou concreto, em vários modelos. Cada tipo requer uma inclinação específica (ver dica a esse respeito).

As de barro, as mais utilizadas, proporcionam bom conforto termoacústico. Se adotadas em projetos com pé-direito amplo, podem dispensar o forro, o que não acontece com as de concreto, que ainda são mais pesadas.
As de fibrocimento suportam vãos maiores com inclinações menores; com grandes dimensões, exigem uma estrutura com pouca madeira para apoio. Como seu isolamento termoacústico é menor, é recomendável a execução de forro ou laje.
As de ardósia, com formato retangular ou de losango, são pequenas, requerendo um bom madeiramento.

As metálicas são mais utilizadas em estruturas industriais; se empregadas em construções residenciais, devem ser acompanhadas por mantas de lã de vidro para proteção termoacústica. Na hora da compra, é sempre interessante acrescentar 5 a 10% para substituições futuras.

- Tipos de Fundação:

A construção de uma edificação começa pela sondagem do terreno sobre o qual ela será erguida. A sondagem, uma espécie de radiografia do terreno, identifica as camadas do solo e sua resistência, além de detectar a presença do lençol freático (água), informações fundamentais para que o calculista projete adequadamente as fundações.
Essas devem alcançar a camada de solo de resistência média. Se essa camada surgir até 1,5m de profundidade, é possível utilizar fundação direta, cujos principais tipos são:

• sapata isolada: recomendada para casas com qualquer número de pavimentos, suporta o peso concentrado de pilares. O elo entre ela e as paredes é a viga baldrame;

• sapata corrida: acompanha as paredes da casa, e é indicada para solos resistentes e construções com paredes portantes, que dispensam pilares e vigas. A carga é distribuída uniformemente ao longo das paredes;

• laje radier: a rigor, este tipo, com cerca de 1,5m de espessura, só é utilizado em grandes obras. Porém, é comum chamar de radier uma laje mais fina, com ± 12cm, colocada imediatamente abaixo da superfície de solos firmes, ou uma fundação usada em solos pouco resistentes, como argilas orgânicas ou areias fofas. Retira-se o solo e faz-se uma caixa ôca de 2m de espessura de concreto armado, onde se apóia a casa.

Porém, quando a camada do solo firme aparece a mais de 2m, recorre-se à fundação profunda, ou seja, estacas ou tubulões. As primeiras podem ser pré-moldadas ou feitas como as fundações diretas, de concreto armado, que pode ser preparado no canteiro ou em betoneiras:

• pré-moldada de concreto: solução para terrenos com lençol freático e para argila orgânica, muito mole. As estacas vêm prontas e são cravadas por um bate-estacas;

• metálica: mais comuns na construção de prédios, cumprem também a função de contenção do terreno (arrimo);

• Strauss: recomendada para casos em que a fundação deve ser profunda (até 20 metros) e os terrenos, secos. Um tripé com um tubo metálico perfura o solo até a profundidade definida pelo projeto, e o furo é preenchido com concreto;

• estaca broca: um trado escava um furo, a ser preenchido com concreto, na terra até encontrar solo firme. O trado manual só alcança 4m, mas o mecanizado atinge grandes profundidades. Não é indicada quando há lençol de água;

• tubulão: normalmente utilizado em construções de grande porte.

Normalmente não se usam fundações diferentes em uma mesma obra, mas, dependendo das condições do terreno, pode-se recorrer a este tipo de solução mista.

- Roteiro de Economica para Construção da casa:

Da escolha do terreno aos acabamentos, a construção pode ter seus custos significativamente reduzidos, desde que o processo tenha um planejamento e uma organização adequado. As dicas abaixo buscam, de forma bastante resumida e simplificada, mostrar como:

COMPRA DO TERRENO

• se possível, escolher um terreno plano, o que representará menos gastos com terraplanagem e fundações;

• para avaliar o solo, é importante contratar uma empresa de sondagem; caso o resultado apresente um solo de boa resistência superficial, será possível utilizar uma fundação tipo sapata corrida (uma laje armada horizontalmente, de 50 a 60cm, em valas de aproximadamente 1 metro de profundidade), que consome menos concreto;

• em um lote acidentado é possível fazer terraplanagem, mas a necessidade de fazê-la ou não será definida pelo projeto arquitetônico, que pode tirar proveito da inclinação ou dos acidentes naturais do lugar;

• para terrenos em declive, uma solução pode ser a utilização de uma estrutura independente.

PROJETO

• é altamente recomendável investir na contratação de um arquiteto ou engenheiro civil, informando a este profissional o quanto se pretende gastar com a construção;

• revisar o projeto e esclarecer todas as dúvidas até o fim. É muito mais fácil e barato solucionar erros e pedir mudanças na fase do projeto do que derrubar paredes durante a obra;

• o telhado é um dos itens mais caros da construção; mansardas e outros recortes no desenho da cobertura representam mais custos de material e mão de obra;

• concentrar banheiros e cozinha numa mesma área permite otimizar o uso da tubulação hidráulica necessária;

• sobrados geralmente custam menos que casas térreas; com o mesmo telhado cobre-se o dobro de área construída, além de utilizar-se praticamente o mesmo tipo de fundação;

• a construção de ambientes como adega e salão de jogos somente devem ser previstos caso sejam realmente utilizados;

• uma planta cheia de recortes dificulta a execução do serviço, requer mais material e representa mais área de pintura;

• recortes em pisos de cerâmica, azulejos e outros materiais de acabamento (para assentamento nos cantos) são fonte de desperdício, pois dificilmente é possível aproveitar as sobras. Ambientes projetados com dimensões adequadas às medidas-padrão desses materiais evitam essas perdas.

PLANEJAMENTO

• depois que o projeto estiver completamente definido, é necessário um planejamento da obra. Elaborada em conjunto com o profissional responsável pela obra, uma planilha pode registrar a ordem de execução dos serviços, duração e custo de cada fase da obra, evitando-se gastos com mão-de-obra e/ou materiais não necessários no momento;

• o fluxo de caixa deve ser controlado para não correr o risco de parar a obra por falta de dinheiro (obra demorada é sempre mais cara). Anotar na planilha todos os gastos e sempre guardar recibos e notas fiscais, pois eles serão úteis para declaração do Imposto de Renda e para enfrentar eventuais problemas legais;

• mesmo que os materiais de acabamento ainda não tenham sido escolhidos, devem ser anotadas na planilha especificações dadas por quem fez o projeto, como tamanho, espessura, tonalidade, classe de abrasão e nível de absorção de água das cerâmicas, o mesmo valendo para outros itens, como madeira e carpete, poupando tempo na hora de pesquisar e comprar.

CONTRATAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA

• preferencialmente, somente chamar profissionais conhecidos ou indicados por amigos ou parentes; se possível, é bom ver um trabalho pronto;

• utilizar uma equipe que normalmente trabalha para o seu arquiteto ou engenheiro pode ser mais cômodo, mas nem sempre sai mais em conta. Caso outros operários competentes e de confiança sejam conhecidos, verificar com o profissional responsável pela obra se não há empecilhos, fazer a cotação com os dois grupos e então decidir;

• quando se tem um empreiteiro, é ele o responsável pela contratação e pagamento de encargos trabalhistas. Se a administração da obra não contar com esse profissional, é importante estabelecer uma relação contratual por escrito com os operários, especificando o tipo de serviço que se espera deles, o prazo e o valor. Não se deve esquecer de recolher o INSS dos trabalhadores, caso contrário esse valor terá que ser acertado de uma só vez ao requerer o Habite-se à prefeitura, evitando problemas com a Justiça do Trabalho;

• determinar uma forma de pagamento baseada na produção, estabelecendo assim que o pagamento da mão-de-obra ficará condicionado ao cumprimento de determinadas etapas e prazos;

COMPRA DE MATERIAIS

• pesquisar exaustivamente os preços de materiais e pedir orçamentos por escrito. Para poupar tempo, verificar se a loja fornece orçamentos por fax ou e-mail. Fazer a pesquisa levando em conta os parâmetros estabelecidos pelo profissional que elaborou o projeto, tentando achar a melhor relação entre qualidade e preço (não esquecendo que, além do custo de construção, há também um de manutenção, ou seja, materiais de baixa qualidade só são economia a curto prazo, e em pouco tempo a obra começará a apresentar problemas);

• lembrar de incluir o frete na conta da pesquisa, caso necessário;

• às vezes, é possível fechar um pacote para a compra de uma grande quantidade de materiais numa única loja e, assim, negociar um desconto ou o pagamento a prazo. A pechincha é regra básica;

• tentar, se possível, fazer compras em conjunto caso haja vizinhos construindo perto. Quanto maior a quantidade de material encomendado, maior o poder de barganha para negociar preços, além de ser possível dividir os custos de frete;

• conferir se o material entregue na obra é o mesmo comprado e se está na quantidade certa. Cuidados redobrados devem ser tomados com material a granel, como areia;

• pesquisar também em lojas de materiais de demolição e cemitérios de azulejos. Neles é possível encontrar muita coisa em bom estado e por um bom preço (nas capitais onde virou moda materiais de demolição, eles chegam a custar mais caro que o material novo. A alternativa é procurar em cidades pequenas ou nas proprias demolições);

• a compra antecipada de materiais de acabamento deve ser feita considerando uma margem de aproximadamente 10% de sobras para cobrir quebras e consertos futuros;

ACOMPANHAMENTO

• é importante acompanhar de perto a obra para ter certeza de que o planejamento está sendo cumprido e de que não há desperdícios. Caso isso não seja possível, deve-se escolher um profissional competente e de confiança para tanto.

ESTOCAGEM

• observar o prazo de validade de materias como o cimento. Não deve ser armazenada muita quantidade nem com muita antecedência (a planilha ajuda essa programação);

• o material deve estar protegido da chuva, vento e outras intempéries. A areia e o cimento têm que ser cobertos, a madeira em local abrigado e com ventilação. Evitar deixar materiais em caixas de papelão ao relento;

• evitar construir no período mais chuvoso de sua região.

ACABAMENTO

• evitar comprar materiais da moda; os tradicionais, além de ser mais baratos, são mais fáceis de repor;

• pisos de cimento queimado coloridos podem substituir mármores e granitos em locais que pedem resistência a um custo baixo. Se não for bem executado, o piso pode rachar;

• paredes internas não precisam de reboco, podendo-se pintar diretamente o tijolo aparente com latéx, economizando massa e mão de obra. Nas paredes externas é possível aplicar um reboco feito com areia naturalmente colorida, que custa o preço do reboco normal e não precisa de pintura. Para maior garantia, pode-se fazer uma proteção com silicone;

• materiais de acabamento nobre mais baratos podem ser encontrados, junto aos fornecedores, em promoção ou sobras;

• seguir a linha da parede no assentamento de pisos e azulejos consome menos peças; a colocação na diagonal requer mais recortes, implicando em mais material para cobrir a mesma área;

• os azulejos não precisam ir até o teto; as meias-paredes podem receber um barrado colorido para complementação;

• evitar esquadrias desnecessárias, pois, individualmente, elas são o item mais caro da obra. Elementos vazados podem eventualmente substituir algumas delas sem prejuízo da iluminação ou ventilação;

• no entulho da obra podem existir materiais que podem ser reutilizados (por exemplo, pedriscos que sobram a cada peneirada de areia podem virar um caminho no jardim);

• se possível, utilizar peças de linha, em tamanho-padrão, para gabinetes, pias e espelhos.

- Aspectos Legais da Construção:

A construção de uma edificação exige que sejam considerados e atendidos diversos aspectos, principalmente os de caráter legal, que têm início já na escolha do lote.

A legislação é muito ampla, e varia de um local para outro, motivo pelo qual recomenda-se, para todos os casos, a contratação de um profissional (arquiteto ou engenheiro). Entretanto, é bom saber o que ela envolve. A primeira questão refere-se às cláusulas contratuais do loteamento, que procuram uniformizar o bairro e, muitas vezes, são até mais severas que o Código de Edificações do município. Elas podem definir, por exemplo, o número de pavimentos, a taxa de ocupação (percentual, em relação à área total do terreno, ocupada pela projeção da construção sobre o terreno), o coeficiente de aproveitamento (índice que estabelece a relação entre o total de área construída e a área do terreno) e a adoção de recuos maiores que os previstos em lei.

Se o lote pretendido está no litoral, em região de mananciais (junto a represas ou bacias hidrográficas) ou em área de floresta nativa, as exigências legais se multiplicam. No caso do litoral, muitas faixas de terra são bens permanentes da Marinha Brasileira; paga-se o preço de mercado do lote, mais uma taxa à Marinha para ocupá-lo e ainda é preciso cumprir as exigências para sua ocupação. Geralmente, não se constrói ao longo de uma faixa de 30m, contados a partir da maré alta; nela, só são permitidos equipamentos de lazer e jardins, desde que não comprometam a paisagem.

Em área de proteção aos mananciais, o problema está mais na taxa de ocupação e no coeficiente de aproveitamento, visando prejudicar o menos possível a vegetação nativa. Árvores centenárias não podem ser derrubadas; muitas vezes, elas são identificadas pelo diâmetro do seu tronco, e precisam estar indicadas no levantamento planialtimétrico. No caso das matas naturais, por maior que seja o terreno, a taxa de ocupação e o coeficiente de aproveitamento serão bastante pequenos, para que a construção da edificação não caracterize um desmatamento. Ao visitar o loteamento, deve-se verificar se o mesmo está em região protegida por lei especial.

Principalmente em cidades grandes, não é incomum estar tramitando, nas esferas municipal, estadual ou mesmo federal, projetos que impliquem, futuramente, na desapropriação parcial ou total de áreas - e, conseqüentemente, na sua desvalorização, pois esse procedimento não respeita os valores de mercado. Ao pensar em comprar um terreno urbano, é necessário conferir se há, no bairro, algum projeto de porte, como uma alça viária, a duplicação de uma avenida, a construção de prédio público ou até a urbanização de uma praça, o que poderá levar parte do lote.

O profissional pode identificar a classificação do lote quanto à sua localização, o que a legislação de zoneamento permite construir e se há projetos para alteração do uso do solo nas imediações. Uma vez resolvidos os prováveis problemas que envolvem a compra, é preciso definir o profissional responsável pelo projeto. O custo do projeto é pessoal, embora o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) possua uma tabela de honorários que serve de parâmetro para os profissionais. A escolha de um profissional que já atue na cidade é uma boa alternativa, tendo em vista que ele, com certeza, já deve estar cadastrado junto à respectiva prefeitura.

Os procedimentos legais e burocráticos junto à prefeitura devem ser cumpridos pelo arquiteto ou pelo proprietário, ou por terceiros, com a devida procuração legal. Os documentos exigidos normalmente são:

• o título de propriedade do imóvel, devidamente registrado (escritura);

• cópia das folhas 1 e 2 da notificação/recibo do IPTU;

• memorial descritivo, especificando os materiais a serem utilizados, em duas vias (assinadas pelo autor do projeto e pelo proprietário);

• peças gráficas (plantas, implantação, cortes, fachada principal, tabela de iluminação e ventilação com carimbo próprio da prefeitura, assinadas pelo autor do projeto, pelo responsável pela obra e pelo proprietário);

• levantamento planialtimétrico em duas vias (elaborado por profissional habilitado ou pelo próprio arquiteto);

• vias da taxa recolhida para o CREA, com base no valor cobrado pelo arquiteto e na metragem quadrada, sem a qual a prefeitura não libera o Alvará de Construção;

• cópia do recibo atualizado dos profissionais envolvidos e cadastrados na prefeitura;

• cópia da carteira do CREA dos profissionais;

• comprovante de pagamento das taxas e emolumentos exigidos pela prefeitura (que variam de cidade para cidade) referentes ao andamento do processo a ser instaurado. Caso o setor municipal responsável pela liberação do Alvará de Construção encontre alguma irregularidade, emitirá um Comunique-se, ou seja, um comunicado oficial do problema encontrado e um prazo para que este seja sanado; deve-se ficar atento aos prazos do Comunique-se, para que as pendências sejam resolvidas em tempo hábil.

As prefeituras, via de regra, exigem que o canteiro construído na obra seja cercado por tapumes, dão um prazo para seu cumprimento e cobram uma taxa para sua execução (embutida nos comprovantes exigidos antes da aprovação do projeto).

Todos os profissionais que trabalharão na obra (à exceção dos autônomos) precisam ser registrados de acordo com as normas no Ministério do Trabalho, pagando a Guia de Recolhimento da Previdência Social. Em um quadro de avisos, em local visível, estarão os nomes dos empregados, horários de entrada e saída e horário de funcionamento da obra.

Na obra ficará uma cópia da planta aprovada e o Alvará de Construção. De acordo com a legislação, deve haver um banheiro, mesmo que os empregados não durmam no alojamento. A obra ainda deverá ter ligação de água e luz e a placa do autor do projeto e do responsável técnico em lugar visível: se um fiscal do CREA não a localizar, pode multar o profissional com base em lei federal.

Dependendo da situação do terreno, são estipulados horários para carga e descarga, da entrega do material de construção aos bota-foras de terra. A legislação é específica demais, mas os horários usados visam evitar que a construção incomode a vizinhança. A fiscalização de obras, na verdade, não existe para aterrorizar os proprietários, mas para impedir que a legislação seja ferida. Quando algum tipo de irregularidade é encontrado - a construção não confere com a planta aprovada, foram feitas alterações no projeto original, há desrespeito às leis trabalhistas -, o fiscal deve emitir uma Notificação ao proprietário ou profisional responsável pela obra. A exemplo do Comunique-se, a Notificação não é uma penalidade em si, mas um documento legal, com prazo para que o proprietário ou o profissional apresente a solução do problema. Quando a irregularidade é muito grave, pondo em risco a integridade física dos pedestres ou casas vizinhas ou sendo obra clandestina, o fiscal tem poderes para embargar (paralizar) a obra.
Uma vez embargada, é dado um prazo para regularizar (ou justificar) a irregularidade que gerou o embargo, pagando uma taxa correspondente às adotadas na religação de água ou luz quando interrompidas por falta de pagamento.

Concluída a obra, visitados os guichês que comandam os aspectos legais da construção e cumpridas todas as obrigações técnicas e legais, é emitido o mais almejado dos documentos para quem constrói: o Habite-se. Sem ele, não é possível ocupar o imóvel; com ele, acaba a interferência municipal sobre a construção. o linear.

O tratamento deve ser repetido anualmente.

Em breve mais dicas.

 

 
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